sexta-feira, 30 de novembro de 2012

CARVÃO AMERICANO "INVADE" A EUROPA E ÁSIA


O recente lançamento do World Energy Outlook 2012 pela Agência Internacional de Energia, lançou o debate na opinião pública sobre o futuro papel dos Estados Unidos na matriz energética mundial. De terceiro maior produtor e maior importador, os americanos poderão vir a tornar-se, no final da década e de acordo com as previsões da agência, no maior produtor mundial de petróleo e gás natural do mundo invertendo a tendência dos últimos anos. Por volta de 2030 os Estados Unidos correm o “risco” de ultrapassarem a Arábia-Saudita como maior exportador de petróleo do planeta. Na base desta nova tendência estão os avanços no domínio da extração de petróleo não convencional.

Fonte: IEA - World Energy Outlook 2012

 Em 2011, aproximadamente 60% (conferir aqui) do crude refinado nos Estados Unidos foi importado de outros países. Apesar das exportações de produtos petrolíferos refinados, o balanço energético americano foi de 45% negativos que consegue, ainda assim, ser o valor mais baixo desde 1995.
No setor do gás natural a história é semelhante. Graças ao aperfeiçoamento das técnicas de fraturação hidráulica (fracking), ainda envolvidas em grandes dúvidas devido à possibilidade de constituirem uma séria ameaça ambiental, no espaço de 5 anos os Estados Unidos ultrapassaram a Russia como maior produtor mundial desta fonte energética.
A transição americana da sua base energética para o gás natural em substituição do carvão, outro recurso abundante nos Estados Unidos, é uma boa notícia do ponto de vista ambiental se bem que o balanço final deva resultar, ainda assim, num aumento global das emissões de poluentes. Isto apesar dos americanos estarem a queimar mais gás, o que resulta numa taxa de emissões poluentes por unidade de energia bastante inferior à do carvão.
Com esta deriva não se pense que o carvão vai começar a ficar “adormecido” no subsolo americano. As exportações de carvão dos Estados Unidos têm aumentado e veja-se, na imagem abaixo, o seu destino:

 Fonte: U.S. Energy Information Administration

A nova tendência parece ser a dos Estados Unidos, com este novo paradigma, estarem a ver-se livres do seu abundante e poluente carvão vendendo-o à Europa e Ásia, não apenas para a produção de eletricidade mas sobretudo para a industria pesada de produção/transformação de metais (metalurgia). As economias emergentes estão a absorver este recurso com uma avidez formidável.
Seja somo for a matriz energética mundial tende a alterar-se radicalmente. A transição do petróleo e gás convencional para o não convencional vai trazer consequências ao nível dos preços pois a sua extração é bastante mais dispendiosa. E ainda não são totalmente conhecidas as verdadeiras consequências ambientais destas novas formas de “espremer” o planeta.
Não acredito na manutenção do atual modelo económico mundial, onde tudo viaja de um lado para o outro do mundo. A seu tempo, o preço da energia ditará a morte da globalização tal como a conhecemos.

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