segunda-feira, 5 de novembro de 2012

AFINAL,SOMOS RICOS?


Recebi hoje um email da Agência Internacional da Energia a convidar para subscrever a aquisição do World Energy Outlook 2012.
O convite enumera uma série de descontos caso a subscrição seja efetuada previamente ao lançamento do documento, a saber:

Discounts:
- 10% discount for orders placed before 12 November 2012
- 30% discount for universities and non-profit organisations
- 50% discount for clients based in low income and lower middle income countries

Em anexo, é enviado um link para uma tabela do Banco Mundial que classifica os países de acordo com a sua economia. Sinceramente como português, esperava o tão almejado desconto de 50%. Da maneira como as coisas andam seria o mais provável. Eis senão o meu espanto quando, ao consultar a dita tabela, verifico Portugal está no grupo dos "High income countries" ao lado da Alemanha, Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Noruega, Holanda, etc.

Afinal somos ricos! Andam a enganar-nos!

Mas é que andam mesmo e já não me restam dúvidas. Na realidade, o Banco Mundial, aos meus olhos, perdeu toda a credibilidade assim que eu vi esta tabela. Eu explico porquê: a leitura da tabela trouxe-me à memória o conceito de "limiar de pobreza", estudado em Teoria Económica há 20 anos atrás. Ora, de braço dado com o conceito veio o que pesquisei a propósito das teorias de Amartya Sen, o economista indiano nobilizado em 1998 pelas suas contribuições para o estudo da economia social. Nem de propósito, quis refrescar os conceitos - porque estava pusilânime com alguns resultados da tabela do Banco Mundial, por exemplo: Angola é "Middle High Income" - e eis que me deparo com o seguinte link: "Who is poor? Amartya Sen proposes a measure of poverty that looks beyond income". Calculei que fosse um artigo muito antigo. Afinal, não havia eu já lido sobre isto há 20 anos atrás? Seguramente que em 2 décadas todas essas nobres e grandes instituições zeladoras do mundo, como o Banco Mundial, já teriam adotado há muito os ensinamentos que valeram a Amartya Sen o Nobel da Economia de 98. Certo?
Não parece... porque o artigo, afinal, figura na edição de Fevereiro 2011 da... Harvard Magazine.
A leitura, parece-me, é clara: por muitas mentes iluminadas que a Economia como ciência produza, o mundo, nas suas organizações mais poderosas, permanece acordado apenas perante um factor: quantos dólares por pessoa num país?

Descarregar tabela aqui: World Bank list of economies (July 2012)

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