segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

ENERGIA: UM NOVO IMPULSO?



Com um novo governo regional, uma nova orgânica governativa e uma nova dinâmica, desejável e imprescindível, exigem-se desafios estruturantes para a prometida “governação renovada”. Confirma-se que continuará a existir uma direção regional afeta à energia (DRE), integrada na Secretaria Regional do Turismo e Transportes. A integração da energia nesta estrutura governativa pode ser questionável mas o que importa é entender e definir quais os desafios para a futura DRE. Na sua intervenção no âmbito da apresentação do programa de governo, o novel secretário do turismo e transportes dedicou alguns (poucos) parágrafos do seu discurso ao setor energético da região e à estratégia delineada para o impulsionar e dinamizar. Reconhecendo a sua importância e caráter determinante, o governante elencou alguns pontos que lançam para a opinião pública a ideia de que os segmentos renováveis e eficiência energética serão, porventura, os desígnios emergentes da futura política energética regional. Reconhecendo a importância do setor elétrico como um os mais importantes para o desenvolvimento dos Açores, afirmou que não abdica da convergência do tarifário elétrico. Não se trata de abdicar ou não mas sim de esperar que a folha de cálculo do ministro Gaspar não lhe “diga” para cortar a subsidiação do tarifário elétrico regional, poupando alguns milhões de euros à república e lançando o setor energético regional em colapso e, por arrasto, as nossas carteiras. Propõe ainda o Secretário Vítor Fraga disponibilizar análises de eficiência energética a baixo custo aos lares e aos empreendimentos interessados. Não me parece que seja esta uma missão direta do governo mas sim do setor empresarial. A menos que o governo pretenda tornar-se concorrente das unidades que podem e devem oferecer esse serviço às populações e empresas. Outra estratégia que  parece transpirar da proposta é a intenção de criar condições ao surgimento de um maior número de micro e mini produtores elétricos integrados na rede elétrica regional. Numa região com a nossa configuração geográfica e elétrica, conciliar esta abordagem com o peso e monopólio da EDA e com a matriz física existente não se afigura como fácil, ou sequer exequível. Falou ainda na consolidação da implementação dos programas de sensibilização para uma utilização racional da energia elétrica e para a requalificação do edificado açoriano para parâmetros de maior eficiência energética. Neste domínio a DRE deverá desempenhar um papel fulcral, passando de mera estrutura licenciadora e administrativa a unidade dinamizadora e implementadora de programas sérios e abrangentes que possam criar alicerces que consolidem uma maior sensibilidade dos açorianos para o paradigma da energia no mundo atual. Quanto à mobilidade elétrica tudo se resume a duas questões: aceitação social e incentivos financeiros, com estes a serem determinantes e porventura impeditivos na atual conjuntura económica.
Em resumo, os desafios impulsionadores estão lançados. Para a sua concretização é imprescindível uma Direção Regional da Energia com novas ferramentas funcionais e financeiras, com autonomia operacional e com uma nova missão que ultrapasse as fronteiras de mera executante administrativa, técnica e legislativa. Terá de conciliar as funções atuais, ao nível de licenciamentos e certificação, com uma dinâmica proativa e responsiva em consonância com as restantes instituições regionais, públicas e privadas, empresas, escolas e instituições de ensino/formação para que, de uma vez por todas, a sociedade entenda a eficiência energética como uma estratégia estrutural e não circunstancial, sendo, ainda, a estratégia menos dispendiosa num cenário de melhoria da nossa sustentabilidade.

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