segunda-feira, 11 de março de 2013

FUKUSHIMA: DOIS ANOS DEPOIS O RETORNO AO NUCLEAR?


Casal faz orações em memorial para as vítimas do terremoto seguido de tsunami que devastou o Japão em 2011 e matou cerca de 19 mil pessoas, em área devastada pela tragédia em Natori,

Dois anos depois de Fukushima ter presenciado a pior crise nuclear desde Chernobyl, o Japão passou da “negação nuclear” ao planeamento da reativação das suas centrais, apesar dos protestos dos movimentos antinucleares. Com apenas dois dos seus mais de 50 reatores nucleares operacionais, o novo governo japonês, liderado pelo conservador Shinzo Abe, ainda não revelou com clareza qual será sua política energética para o futuro, mas ofereceu pistas sobre sua inclinação para este tipo de energia. Embora seu antecessor, Yoshihiko Noda, tenha prometido um futuro sem centrais nucleares a partir de 2030, no calor do desastre de Fukushima, a vitória por uma arrasadora maioria de Abe nas eleições de dezembro de 2012 desenha um caminho de retorno à energia atómica.
O que parece quase seguro é que os reatores, parados para inspeções de segurança exigidas pelo governo após o acidente, não poderão retomar sua atividade antes de passados pelo menos três anos, prazo estimado para a conclusão destas revisões. Além disso, no caso de não reativar nenhum antes de setembro, o Japão voltará presumivelmente ao blackout nuclear completo, como ocorreu entre maio e junho de 2012 pela primeira vez em 42 anos, já que para então está programada a paragem dos reatores da central de Oi, os dois únicos ativos no país.
Por outro lado, está a necessidade de controlar o aumento do custo das importações de hidrocarbonetos que alimentam as centrais térmicas após o encerramento das nucleares, que antes do acidente forneciam aproximadamente 30% do abastecimento total do país. Neste sentido, apenas em 2012 as importações de hidrocarbonetos aumentaram 10,4% o que arrastou o Japão para seu maior défice comercial de sempre. Entretanto as tarifas elétricas nos lares japoneses aumentaram mais ou menos na mesma proporção.
Contra esta reviravolta parece estar o povo japonês. Cresce no país o medo do retorno ao programa nuclear.
A dúvida está em saber quem ganhará esta aparente batalha. Se o governo japonês e as fortes pressões económicas, ou a vontade do povo.
O Japão, apesar de ser a terceira maior economia do mundo, é um país pobre em recursos naturais pelo menos face às suas necessidades energéticas. Sustentar esta posição de topo parece difícil num cenário sem energia nuclear, uma das mais competitivas formas de geral eletricidade.
Resta saber quem vencerá esta luta mas estou certo de que o retorno ao nuclear é um caminho incontornável. E há que não esquecer que a tecnologia neste domínio não parou existindo, já, novas gerações de reatores em fase de licenciamento principalmente na China.

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