sábado, 16 de março de 2013

FRANÇA ATACA A POLUIÇÃO LUMINOSA: O SORRISO DAS ESTRELAS



A starry night sky
 Foto: National Geographic

Desengane-se quem pensar que Paris é considerada a “Cidade das Luzes” só por causa da quantidade de lâmpadas ou pelo pioneirismo em eletricidade dos franceses. O “luminoso” apelido parisiense vem do Iluminismo (Era da Luz ou da Razão) pois, nestes tempos, a cidade foi o centro desta época “pós-trevas” da idade média, com os intelectuais e pensadores de então a “iluminar” a mente humana com filosofia e a tentar explicar o universo com a razão e a ciência. Agora, em pleno século XXI, as luzes parisienses são outras mas continuam a encantar o mundo. É como se a eletricidade se tivesse tornado arte. À noite, o espetáculo de luzes transforma a capital francesa numa cidade mágica! Os monumentos e símbolos arquitetónicos iluminados por poderosos projetores são um espetáculo imperdível para quem se desloca à cidade da Torre Eiffel, do Molin Rouge, dos Campos Elísios, e da gótica catedral de Notre-Dame. Os inúmeros barcos cintilantes que cruzam o rio Sena “banham” com ainda mais luz o já de si brilhante mosaico urbano parisiense.
Todavia, e apesar da iluminação noturna constituir um importante cartaz turístico da sua capital, os franceses estão a tomar uma posição contra aquilo que chamam de poluição luminosa excessiva e insustentável. A partir deste verão, a maioria dos edifícios não residenciais no país terá que desligar suas luzes à noite, a fim de reduzir o impacto da iluminação artificial sobre o ambiente noturno. A medida inclui alterações significativas, também, ao nível da iluminação de vias rodoviárias. De acordo com a ministra francesa do Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Energia, a Delphine Batho, esta mudança vai reduzir o consumo anual total de energia num montante equivalente ao consumo de 750.000 famílias. Mas, a principal motivação intrínseca ao novo decreto legislativo é a saúde pública. De acordo com a declaração de Batho, a luz artificial pode causar "perturbações significativas nos ecossistemas. Um artigo da National Geographic diz que a poluição luminosa é em grande parte o resultado de maus projetos de iluminação que "modificam a escuridão da noite e alteram radicalmente os níveis de luz e ritmos a que muitas formas de vida, incluindo nós mesmos, se adaptaram”. Sempre que se emite luz artificial para o mundo natural, algum aspeto da vida animal e vegetal, incluindo a vida humana, se altera. 
 


Foto: NASA
 
A nova lei francesa vai combater a poluição luminosa, obrigando a iluminação dos edifícios não-residenciais a desligarem-se à noite. Mesmo as montras das lojas vão entrar na escuridão à uma hora da manhã. Exceções incluem apenas o Natal e outras ocasiões especiais, bem como atrações turísticas significativas como, por exemplo, a Torre Eiffel que vai continuar a deslumbrar os turistas com o seu espetáculo cintilante de hora em hora.
Paralelamente a uma significativa redução de consumos, os franceses demonstram, com esta medida, uma importante consciência ambiental. Note-se que a França oferece uma das mais baixas tarifas de energia elétrica da Europa graças aos 78% de eletricidade produzida pelos seus 58 reatores nucleares.
Em resumo: menos poluição luminosa, mais economia energética, melhores condições de vida para todas as espécies. E as estrelas sorriem...

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