
Foto: National Geographic
Desengane-se quem pensar que Paris é considerada a “Cidade das Luzes”
só por causa da quantidade de lâmpadas ou pelo pioneirismo em eletricidade dos
franceses. O “luminoso” apelido parisiense vem do Iluminismo (Era da
Luz ou da Razão) pois, nestes tempos, a cidade foi o centro desta época “pós-trevas”
da idade média, com os intelectuais e pensadores de então a “iluminar” a mente
humana com filosofia e a tentar explicar o universo com a razão e a ciência. Agora,
em pleno século XXI, as luzes parisienses são outras mas continuam a encantar o
mundo. É como se a eletricidade se tivesse tornado arte. À noite, o espetáculo
de luzes transforma a capital francesa numa cidade mágica! Os monumentos e
símbolos arquitetónicos iluminados por poderosos projetores são um espetáculo
imperdível para quem se desloca à cidade da Torre Eiffel, do Molin Rouge, dos
Campos Elísios, e da gótica catedral de Notre-Dame. Os inúmeros barcos cintilantes
que cruzam o rio Sena “banham” com ainda mais luz o já de si brilhante mosaico
urbano parisiense.
Todavia, e apesar da iluminação noturna constituir um importante cartaz
turístico da sua capital, os franceses estão a tomar
uma posição contra aquilo que chamam de poluição
luminosa excessiva e insustentável. A partir deste
verão, a maioria dos edifícios não
residenciais no país terá que
desligar suas luzes à noite, a fim de reduzir o impacto da
iluminação artificial sobre o ambiente noturno. A medida inclui alterações significativas, também, ao nível da iluminação de vias rodoviárias. De acordo com a ministra francesa
do Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Energia, a Delphine Batho, esta
mudança vai reduzir o consumo anual total de energia num montante equivalente
ao consumo de 750.000 famílias. Mas,
a principal motivação intrínseca ao novo decreto legislativo
é a saúde pública. De acordo com a
declaração de Batho, a luz artificial pode causar "perturbações
significativas nos ecossistemas”. Um
artigo da National Geographic diz que a poluição
luminosa é em grande parte o
resultado de maus projetos de iluminação que "modificam a escuridão
da noite e alteram radicalmente os
níveis de luz e ritmos a que muitas formas de vida, incluindo
nós mesmos, se adaptaram”. Sempre que se
emite luz artificial para o mundo
natural, algum aspeto da vida animal e
vegetal, incluindo a vida humana, se altera.
Foto: NASA


A nova lei francesa vai combater a poluição luminosa, obrigando
a iluminação dos edifícios
não-residenciais a desligarem-se à noite. Mesmo as montras das
lojas vão entrar na escuridão à
uma hora da manhã. Exceções incluem apenas
o Natal e outras ocasiões especiais, bem como atrações turísticas significativas como, por
exemplo, a Torre Eiffel que vai
continuar a deslumbrar os
turistas com o seu espetáculo cintilante de hora em hora.
Paralelamente
a uma significativa redução de consumos, os franceses demonstram, com esta
medida, uma importante consciência ambiental. Note-se que a França oferece uma das mais
baixas tarifas de energia elétrica da Europa graças aos 78% de eletricidade
produzida pelos seus 58 reatores nucleares.
Em resumo: menos poluição luminosa, mais economia energética, melhores condições de vida para todas as espécies. E as estrelas sorriem...
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