A revista Sábado publicou na sua edição da semana passada um artigo
segundo o qual o Ministério Público suspeita que a venda dos 21,35% das ações
da EDP – Energias de Portugal - detidas
pelo estado português aos chineses da China Three Gorges Corporation, que
ocorreu em finais do ano passado, poderá estar “manchada” na presumível transparência
do negócio. Ao que parece, os chineses foram avisados do valor das propostas
dos outros concorrentes. Na prática, os chineses tinham seis propostas
diferentes e ao serem informados do valor da proposta mais alta da
concorrência, deixaram cair a oferta mais elevada lesando o estado português em
117 milhões de euros. Recuando até ao dia 30 de Dezembro de 2011, recordo o
degradante e cómico espectáculo com que os nossos canais televisivos nos resolveram
brindar transmitindo em directo(!) a cerimónia de assinatura do contrato com os
chineses. Uma lamentável (mais uma) demonstração da nossa pequenez onde os
nosso governantes mais pareciam pedintes do que representantes de um estado
soberano. Todos sabemos que este negócio foi o que se pode chamar uma desgraça
inevitável. E pelos vistos a apregoada transparência com que decorreu o
processo é posta, agora, em causa. Esta venda dos 21.35% da EDP pelo valor
conhecido de 2690 milhões de euros foi um verdadeiro saldo que entregou o
controlo da segunda maior empresa nacional ao preço da uva mijona. Por isso,
não foi de estranhar o rasgado sorriso que o senhor Cao Guangjing e companhia
ostentavam quando assinaram o contrato com os pedintes portugueses, que lhes
embicava ainda mais os olhinhos já de si em bico! Sem dúvida paira uma sombra
chinesa sobre a energia em Portugal.
foto: DN online
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