sábado, 27 de outubro de 2012

SOMBRAS CHINESAS


A revista Sábado publicou na sua edição da semana passada um artigo segundo o qual o Ministério Público suspeita que a venda dos 21,35% das ações da EDP – Energias de Portugal -  detidas pelo estado português aos chineses da China Three Gorges Corporation, que ocorreu em finais do ano passado, poderá estar “manchada” na presumível transparência do negócio. Ao que parece, os chineses foram avisados do valor das propostas dos outros concorrentes. Na prática, os chineses tinham seis propostas diferentes e ao serem informados do valor da proposta mais alta da concorrência, deixaram cair a oferta mais elevada lesando o estado português em 117 milhões de euros. Recuando até ao dia 30 de Dezembro de 2011, recordo o degradante e cómico espectáculo com que os nossos canais televisivos nos resolveram brindar transmitindo em directo(!) a cerimónia de assinatura do contrato com os chineses. Uma lamentável (mais uma) demonstração da nossa pequenez onde os nosso governantes mais pareciam pedintes do que representantes de um estado soberano. Todos sabemos que este negócio foi o que se pode chamar uma desgraça inevitável. E pelos vistos a apregoada transparência com que decorreu o processo é posta, agora, em causa. Esta venda dos 21.35% da EDP pelo valor conhecido de 2690 milhões de euros foi um verdadeiro saldo que entregou o controlo da segunda maior empresa nacional ao preço da uva mijona. Por isso, não foi de estranhar o rasgado sorriso que o senhor Cao Guangjing e companhia ostentavam quando assinaram o contrato com os pedintes portugueses, que lhes embicava ainda mais os olhinhos já de si em bico! Sem dúvida paira uma sombra chinesa sobre a energia em Portugal.


 foto: DN online

Sem comentários:

Enviar um comentário