Finalmente tive a oportunidade de ler a revista inglesa
Monocle que dedicou o seu último número aos países lusófonos e às suas
potencialidades. Sinceramente cometi o erro de “ir com muita sede ao pote” e
fiquei desiludido com a superficialidade com que é abordado este suposto
“potencial” que os britânicos agora descobriram.
O artigo sobre os Açores é acompanhado por dez “modestas
sugestões”-tradução à letra - que insinuam potenciais áreas de intervenção que poderiam catapultar
a região para um patamar superior ao nível da sua projeção internacional,
dinamização da economia e afirmação num contexto global. Como é absolutamente natural uma das “modestas sugestões” refere-se à área energética.
O texto acima carece de alguns “acertos” que passo a
elencar:
1º Não é verdade que 52% da energia elétrica produzida nos
Açores provenha do aproveitamento de energia primária geotérmica. Esta apenas é
explorada em São Miguel correspondendo esse número à taxa de penetração
aproximada na ilha. No contexto das nove ilhas a sua expressão desce consideravelmente. O total de energia elétrica produzida via fontes renováveis ronda os 30%.
2º A meta de 75% de penetração de energias renováveis na
região em 2018 foi revista em baixa e é agora de 60%. Na altura em que o autor
do artigo visitou os Açores estes números já eram conhecidos pelo que não se
entende o erro.
3º A sugestão termina com a pergunta: “Porque não
exportá-la?”. Mas exportar o quê? Energia? Em contentores,caixas ou sacos? O autor esquece-se que somos nove ilhas isoladas e que a exportação de energia elétrica está fora de questão.
Podemos ser, isso sim, um potencial centro de investigação e desenvolvimento na área da energia. E isso sim é exportável.
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