
Há poucos dias li esta notícia na página online do jornal Expresso e que
me chamou particularmente à atenção:
“Os investimentos chineses alastram por todo o globo e têm alvos bem
identificados: os recursos naturais mundiais. A investida começou, com grande
estrondo, em 2005, em África. Hoje, a China tem espalhados pelo mundo
investimentos no valor de 472 mil milhões de euros. No início deste ano, a
China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) fechou aquele que é considerado
o mais chorudo investimento chinês fora das suas fronteiras: por 11,8 mil
milhões de euros, adquiriu a petrolífera canadiana Nexen. Com este negócio, a
China passou a ter maior presença em pontos estratégicos do mapa das reservas
petrolíferas, como o Golfo do México ou o Mar do Norte. Esta aquisição é o
corolário da estratégia chinesa para chegar a recursos naturais capazes de
alimentar uma população de 1,3 mil milhões de chineses e dar gás ao estrondoso crescimento
económico chinês da última década. O caminho chinês começou em África, mas hoje
está espalhado por todo o mapa-mundo. No pódio dos países recetores do
investimento chinês estão a Austrália, os Estados Unidos e o Canadá. A China é
já o maior parceiro comercial e investidor estrangeiro no Brasil. Portugal
também faz parte do mapa dos investimentos chineses: depois da tomada de
posições na EDP, REN e Galp (na operação da Petrogal no Brasil), outras
empresas chineses já anunciaram intenções de investir no mármore português e em
parques de energia solar em Portugal. Mais recentemente, a Beijing Enterprises
Water Group comprou a operação da francesa Veolia em Portugal, por €95 milhões.”
A acompanhar a notícia encontra-se uma infografia muito interessante e
que recomendo vivamente. Destaco que 46.9% do total de investimento externo
chinês (231 mil milhões), praticamente metade, é no setor energético.
Esta notícia apenas vem confirmar o que tantas vezes já escrevi: domina
o mundo quem domina os recursos energéticos, ao nível da exploração e do
desenvolvimento tecnológico. E os chineses apenas poderão continuar a crescer
economicamente se “matarem” a sua sede energética dominando os recursos
existentes a nível mundial. Sem energia não há economia.
Não deixa de ser curioso, também, que esta notícia surja alguns dias
depois de dois elementos da embaixada da China em Portugal terem visitado os
Açores para contactos com vista à eventual criação de um centro de investigação
luso-chinês ligado às Ciências do Mar, para desenvolver uma cooperação com a
China, no âmbito das Ciências do Mar, em áreas como a aquacultura, as
biotecnologias e as energias renováveis. Parvos é que os chineses não são e está visto que a riqueza do mar açoriano está a despertar a cobiça do oriente. São mais que "conhecidos" os tesouros minerais e energéticos “escondidos” no fundo dos mares açorianos e com os americanos a abandonarem a região e com a sua previsível dependência energética dentro de 10-15 anos, os chineses avançam sobre as águas atlânticas sem concorrência aparente e a acenar com uns dinheiros que, para quem é pobre, sempre foi e sempre será, cai que nem ginjas!
Os recursos naturais extraídos em solos continentais dão sinais de exaustão. O mundo vira-se cada vez mais para o mar. E os chineses parece quererem nadar melhor que ninguém.
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