sábado, 9 de fevereiro de 2013

SuperDARN: O CARNAVAL CIENTÍFICO CONTINUA!



Nos últimos quatro ou cinco anos foi “vendida” aos açorianos a ideia de que o arquipélago se encontra na vanguarda da ciência espacial. Chegámos mesmo a ler e a ouvir referências a um “cluster espacial" nos Açores. Lançou-se a construção de um parque tecnológico ao qual se deu o nome, até giro e high-tech, de Nonagon, que albergará (há quem acredite) empresas como a Microsoft e outras do género. No Pico existe uma estação de medição da poluição atmosférica em altitude a que dão o simpático nome de PICO-NARE mas que não passa disso mesmo, um equipamento de monitorização e registo de dados. Assim como existe na Graciosa uma estação internacional de deteção de ensaios nucleares com uns quantos sensores que debitam informação para uma qualquer base de dados informatizada e instalada sabe-se lá onde. Em Santa Maria existe uma estação de rastreio espacial, com mais uma antena e afins, que não trouxe nada de novo à região apesar do seu potencial.
Pelo meio desta verborreia de falácias e falsos vanguardismos veio a notícia do envolvimento da região no projeto SuperDARN cujo último episódio ocorreu na passada semana com a assinatura de contratos de arrendamento de terrenos para a instalação de infraestruturas. As palavras do novo secretário regional que tutela estas matérias de tecnologia, anunciam um discurso mais realista e cauteloso não escapando, no entanto, à tentação de fazer com que as coisas pareçam mais do que afinal são. Em primeiro lugar convém perceber minimamente o que é isto do SuperDARN. Trata-se de um projeto internacional de nome Super Dual Auroral Radar Network que tem como objetivo estudar a atmosfera superior da terra e a ionosfera fornecendo aos cientistas dados que permitam, além de melhor compreender os fenómenos eletromagnéticos nestas camadas, analisar a propagação e reflexão de ondas de alta frequência. Esta tecnologia é por muitos relacionada com outro projeto americano, o HAARP (High Frequency Active Auroral Research Project) dadas as suas semelhanças concetuais. O HAARP, tido como uma investigação para melhorar as comunicações, é também apontado como uma tentativa de criar uma “arma climatérica” com a capacidade de despoletar eventos extremos como secas, cheias, tempestades, furacões, terramotos ou até mesmo fadiga crónica nas populações. Ainda se desconhece se a argumentação dos teóricos da conspiração do HAARP tem fundamento mas os sinais e as análises já publicadas são no mínimo preocupantes..
É importante que se perceba de uma vez por todas que quem decide trazer estes projetos para a região não somos nós. Para quem realmente escolhe e decide, somos vistos como nove pedaços de terra que emergem das águas atlânticas e, ora vejam que sorte, isso até acontece em coordenadas geográficas oportunas! Isto quer dizer que estas antenas e estações vêm cá parar assim como iriam “aterrar” em ilhas onde não houvesse um único ser vivo, se fosse o caso de estarem mais bem posicionadas. Afirmar que estamos na vanguarda da tecnologia ou que se desenha um cluster espacial regional são declarações políticas despropositadas. Continuar a afirmar que a presença destes equipamentos vai dinamizar a economia regional, criar emprego e aumentar o fluxo de visitantes à região é insistir numa ilusão. E a continuar-se por essa via, ainda haverá quem queira converter o Parque Urbano de Ponta Delgada num campo de lançamento de vai-e-vens espaciais ou as Portas do Mar num centro de lançamento de satélites com a marca Açores.
O Carnaval continua, apenas mudaram as máscaras dos “matadores” da ciência nos Açores. O setor energético, esse, fica sempre no fundo da memória de quem sonha com uns Açores vanguardistas. Lembram-se da central de energia das ondas do Pico, uma das únicas do género no mundo? 



Sabem o que fizeram com este projeto científico? Já agora, sabia que decorre uma espécie de peditório intitulado “HELP THE PICO POWER PLANT”?

Isto, meus senhores, é o que se faz com a ciência por estas bandas.

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